23 de Setembro de 2020
A SMIC, uma das principais fabricantes de chips da China, viu suas ações despencarem depois que os EUA adotaram uma série de medidas para desestimular a produção de tecnologia chinesa em solo americano:
- O Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ameaçou uma ampla repressão às empresas chinesas de tecnologia, incluindo a restrição de inúmeros aplicativos do país e a limitação de seus grupos de computação em nuvem, que operam nos EUA;
- A Casa Branca incluiu USD 1,5 bilhão para inteligência artificial (+USD 0,38 bilhão em comparação com 2020) e USD 699 milhões para ciência da informação quântica (+USD 120 milhões) em sua proposta de orçamento para 2021;
- Membros do Congresso também apresentaram projetos de lei com o objetivo de impulsionar a fabricação doméstica de semicondutores, tornar os vistos de imigrantes acessíveis para perfis especializados em IA e pessoas com conhecimento de outras tecnologias valiosas para a segurança nacional.
Em resposta a China também implementou uma série de medidas que intensificam o “conflito”:
- O plano quinquenal de USD 1,4 trilhão do Congresso Nacional do Povo, permitindo que municípios, províncias e empresas invistam na construção de novas infraestruturas de IA, data centers, 5G, etc;
- Políticas de apoio aos fabricantes de chips: benefícios fiscais, apoio a P&D, incentivos para que empresas internacionais de semicondutores se mudem para a China;
- Pequim estabelecendo um fundo de semicondutores de USD 29 bilhões.
Recentes encontros oficiais sugerem que as relações internacionais da China (principalmente com os Estados Unidos e alguns de seus aliados) podem afetar o planejamento econômico do país. As autoridades chinesas estão atualmente preparando o 14º plano quinquenal (2021-2025), que será discutido e finalizado em outubro de 2020; prevemos que metas como: continuar a atualização da base manufatureira da China e reequilibrar ainda mais a demanda doméstica, ainda sejam alguns de seus objetivos.
Após a implementação da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong em julho deste ano, há preocupações com a possibilidade de a China se tornar mais agressiva em sua estratégia (geo)política. Não incluímos essa possibilidade no nosso cenário principal. Embora a China pretenda aumentar sua posição global no longo prazo, é improvável que haja uma reversão completa dos pedidos atuais nos próximos anos.
Parece haver uma visão crescente entre as autoridades chinesas de que uma abordagem pragmática de longo prazo precisa ser adotada. Isso não quer dizer que respostas fortes contra outros países não possam ser adotadas (especialmente quando questões de soberania estão em jogo), mas achamos improvável que as autoridades chinesas prejudiquem ativamente as relações externas, arrisquem os vínculos econômicos e o acesso à tecnologia estrangeira por conta disso.