O que isso significa para empresas e consumidores? As perspectivas de recuperação para o consumidor global provavelmente estão sendo exageradas. Na verdade, estimamos que para cada mês adicional em que os desempregados ocultos permanecerem fora do contingente de trabalho, o consumo privado global sofrerá uma perda "oculta" de 14 bilhões dólares (0,3% do PIB mensal) devido à perda de "gastos sociais" e a gastos em setores que normalmente sofrem durante uma recessão. Quanto mais tempo a população recém-inativa permanecer fora do contingente de trabalho, mais forte será o impacto "oculto" nos setores de consumo que são especialmente sensíveis à recessão da Covid-19. Além dos setores que costumam sofrer em meio à desaceleração econômica (móveis, vestuário e calçados), os “gastos sociais” (transporte, lazer e cultura, restaurantes e hotéis) serão particularmente afetados. Em contraposição aos itens de consumo básico que provavelmente não sofrerão tanto impacto (alimentos, aluguel, energia) por sua própria natureza, e graças ao apoio emergencial temporário do governo, os componentes do "gasto social" são os primeiros itens de consumo a serem cortados em tempos de vacas magras. Esses elementos devem, portanto, continuar a sofrer o impacto negativo do desemprego oculto. A participação dos gastos sociais no consumo total varia de 33% a 48% em nosso conjunto de vinte e cinco países, representando dois terços do PIB. Depois de estimar a renda disponível mediana usada para consumo (ou seja, deduzindo a poupança), aplicamos essa parcela ao total. Isso fornece um resultado de cerca de 14 bilhões dólares de “gastos sociais” e um consumo sensível à recessão colocado em risco todos os meses em que o desemprego oculto permanecer em níveis elevados, ou 0,3% do PIB global mensal.
Figura 5: Perdas mensais em "gastos sociais" e consumo sensível à recessão por país (milhões de dólares americanos, 15 principais países)