Portugal: Continuidade nas políticas, mas tempos difíceis a caminho

O Partido Socialista (PS), do Primeiro-Ministro em exercício António Costa, venceu as eleições para o legislativo no começo de outubro. Embora não tenha obtido a maioria dos assentos (116), melhorou seu resultado de 2015 em 20 assentos, chegando a 106 assentos. Entre 2015 e 2019, o crescimento econômico acelerou, a taxa de desemprego caiu de 12% para 6,7%, o déficit fiscal de -7,2% para -0,4% do PIB (em detrimento do investimento público) e a proporção entre a dívida pública e o PIB caiu de 130% para 119%.

Antecipamos uma continuidade nas políticas adotadas, uma vez que Costa enfatizou novamente seu compromisso de adotar a disciplina fiscal, em meio a um ambiente de baixo rendimento e um euroceticismo baixíssimo. Ainda assim, a necessidade de obter apoio de ao menos mais um partido de esquerda para formar uma coalizão de governo pode criar instabilidade política e gerar pressão por políticas redistributivas. Costa terá que lidar com um endividamento ainda elevado e com o descontentamento com serviços públicos.

Além disso, o índice de custo unitário do trabalho excedeu seu pico pré-crise: cresceu em média 6% a/a desde o primeiro trimestre de 2018, comparado com 1,4% em 2015-2017. Isso pode prejudicar a competitividade do país, somado ao marasmo do momento comercial global em desaceleração. O crescimento do PIB pode desacelerar e chegar a 1,7% este ano (caindo em relação a 2,1% no ano passado) e 1,4% em 2020.