Relatório Global de Insolvências
Allianz Trade

15 de outubro de 2024


Allianz Trade confirma um aumento acentuado nas insolvências empresarias globais em 2024 (+11%), com um aumento de +2% em 2025, antes de estabilizar em níveis elevados em 2026.

  • ·        Mais de metade do PIB global enfrentará aumentos de dois dígitos nas insolvências empresariais em 2024.
  • ·        Mais de 1.6 milhões de empregos na Europa e na América do Norte poderão estar em risco em 2025.
  • ·        A flexibilização total da política monetária (-2pp até setembro de 2025) deverá contribuir para reduzir a tendência de insolvência, especialmente em Franca e nos EUA (em -4pp), aumentando a rentabilidade das empresas (+4pp e +2.8pp, respetivamente).
  • ·        Em Portugal, prevê-se um aumento de insolvências de +14% em 2024, seguido por +8% em 2025 e uma desaceleração para +5% em 2026.

No seu mais recente Relatório Global de Insolvências, a Allianz Trade revela uma perspetiva mais severa para o cenário empresarial global, com insolvências projetadas para aumentar +11% em 2024 – um aumento ainda mais acentuado do que o previsto anteriormente. O relatório destaca as principais tendências e riscos para as empresas em todo o mundo, à medida que a economia global enfrenta uma procura lenta, tensões geopolíticas contínuas e condições de financiamento desiguais.

 

Em Portugal, o cenário empresarial segue a tendência global de agravamento das insolvências. Prevê-se que as insolvências aumentem +14% em 2024, desacelerando para +8% em 2025 e para +5% em 2026. Este aumento reflete o impacto dos fatores globais como a moderação da procura e o fim das medidas de apoio às empresas, mas também as condições locais desafiantes, incluindo pressões nos setores da construção, retalho e serviços.

 

Quando a Allianz Trade divulgou as suas primeiras previsões globais de insolvências em fevereiro, a empresa já esperava um forte aumento em 2024 (+9%) seguido de uma estabilização em 2025. No entanto, os desenvolvimentos recentes levaram a um quadro ainda mais sombrio, como +11% de aumento agora previsto para este ano (+2pp vs. previsão anterior), seguido por um pico em 2025 de +2% (+2pp vs. previsão anterior). As insolvências empresariais não estabilizarão, portanto, até 2026, e, mesmo assim permanecerão em níveis elevados.

Nos EUA, a Allianz Trade espera que as insolvências aumentem +12% em 2025, antes de cair -4% em 2026. Na Alemanha, aumentarão +4% antes de cair -4% em 2026. Em França e no Reino Unido, irão moderar ligeiramente a partir de níveis muito elevados (-6% em 2025 para ambos, vs. -3% e -4% em 2026, respetivamente). Na China, as insolvências empresariais começarão a aumentar a partir de níveis baixos, +5% e +6% em 2025 e 2026, respetivamente.

No acumulado do ano, as insolvências empresariais já aumentaram +9% e o aumento foi generalizado em todas as geografias e setores. Globalmente, o índice de insolvência da Allianz Trade em 2024 deverá situar-se +13% acima da sua média de 2016-2019, mas -11% abaixo do seu nível de Crise Financeira Global[1].

“Esta montanha-russa global de insolvências empresariais deve-se, em parte, à procura global ainda moderada, à incerteza geopolítica persistente e às condições de financiamento desiguais. Também pode ser explicado pelo «acumulado» de insolvências, uma vez que as empresas já não estão protegidas pelas medidas de apoio implementadas durante a pandemia e a crise energética. É por isso que os países que representam mais de metade do PIB global serão atingidos por aumentos de insolvências de dois dígitos em 2024, e dois terços poderão ultrapassar os seus números pré-pandemia este ano. A construção, o retalho e os serviços foram os mais atingidos, tanto em termos de frequência[2] como de gravidade[3]”, acrescenta Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.

Nomeadamente, as grandes insolvências também atingiram um novo nível recorde, com a Europa Ocidental a liderar esta tendência. Isso também representa uma grande ameaça ao emprego, especialmente na Europa e na América do Norte. Até 2025, mais de 1.6 milhões de empregos[4] poderão estar em risco nestas regiões, 8% do número total de pessoas desempregadas, marcando o nível mais elevado numa década. Os princípios setores em risco são os setores da construção, retalho e serviços.

 

Embora uma flexibilização gradual das políticas monetárias possa oferecer algum alívio, não será uma solução mágica para as empresas em dificuldades. As taxas de juro mais baixas reduzem os custos dos empréstimos, melhoram o fluxo de caixa e aumentam a rentabilidade, mas não conseguem enfrentar plenamente os desafios financeiros que pairam sobre as empresas.

“As empresas já estão a reduzir o seu endividamento e a ajustar-se às elevadas taxas. A nossa análise sugere que o atual ciclo de flexibilização (-2pp até setembro de 2025) levaria a uma redução de -4pp na tendência de insolvência, graças a margens mais elevadas (até +2pp na Alemanha, +4pp em França, +3pp no Reino Unido e +2,8pp nos EUA). No entanto, isto compensaria apenas ligeiramente o aumento global nos EUA, por exemplo, e reforçaria a diminuição em França”, finaliza Maxime Lemerle, Lead Analyst for insolvency research da Allianz Trade.